Ler: prazer ou obrigação?

A escola é a principal e, às vezes, única fonte de leitura para os alunos. Não se justifica, porém, a forma como ela vem sendo encaminhada em muitas escolas. 

Fonte de informação e prazer, encantamento e emoção, a literatura deve ocupar um espaço de real importância na vida da criança, merecendo, assim, um tratamento especial em sala de aula.

Ler, antes de qualquer coisa, deve ser PRAZER. O indivíduo deve ver os livros como uma forma de identificação com seus sentimentos e opiniões, fonte de informação, como uma forma de se comunicar, de fazer uma INTERLOCUÇÃO com o autor. 

Se damos livros aos alunos para que leiam, de forma corrida, sem conversar previamente sobre o assunto, sem promover debates e reflexões, sem ouvir o que pensaram, o que sentiram, a literatura não servirá para nada além de fixar ortografia, ensinar sinais de pontuação, ampliar o vocabulário ou aferir a capacidade de interpretação, mediante algumas perguntas dirigidas e mecânicas sobre o texto. 

E o pior: ler, na maioria das escolas, vale nota! A criança lê para não ser penalizada, lê por obrigação, não escolhe as obras, os estilos. Lê para produzir um resultado final.

Não é desta maneira que se forma leitores!

Guimarães Rosa nos ensinou que a beleza da vida está na travessia e não somente na chegada. Nós, adultos, imediatistas que somos, “não pensamos na beleza da travessia, mas no momento da chegada."

Falar de travessia é falar em meio de atravessar e a mediação do professor é fundamental para aquisição de mais este conhecimento sobre o mundo: o prazer também é aprendido. 

Se a leitura não for prazer, não formaremos leitores e sim alunos aplicados e obedientes que, ao saírem da escola, a primeira coisa da qual querem se livrar é dos livros. 

Acabada a escolarização, eles já não servem mais.

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