Para Casa na Educação Infantil?
Muitas professoras se queixam comigo sobre o alto número de
alunos que não faz o para casa ou que traz o caderno onde nitidamente se vê que
quem fez o dever não foi a criança e sim sua mãe.
O fato é que os “Para Casa” que damos às crianças costumam
deixar as famílias totalmente mobilizadas! Muitas vezes, nos excedemos na
quantidade e na complexidade das tarefas.
O primeiro questionamento que faço é: Será mesmo necessário dar
atividades de casa para crianças da educação infantil? Um dos argumentos que
ouço é de que a criança precisa de ter um tempo em casa para rever os conteúdos
a fim de sistematiza-los. Quando acreditávamos que a educação se dava por meio
da memorização, da fixação e do adestramento, muito bem representado pelo
condicionamento clássico operante, de Pavlov, realmente se justificava treinar
os alunos, condicioná-los, para que alcançassem bons resultados futuros.
Porém hoje, com os estudos psicogenéticos, com a
neurociência, temos prova de que as crianças aprendem por meio de construções
internas e que tem fases de desenvolvimento nas quais podemos constatar algumas
características distintas umas das outras. Diante disto, percebemos que não é produtivo
forçar as crianças antecipadamente a alguns tipos de comportamento ou execução
de atividades.
Há outro fator muito importante a ser considerado, que é a
importância do brincar para a representação do mundo adulto por parte da
criança. Vigotsky nos relata muito bem que a criança fantasia porque tenta
desesperadamente entender o mundo. Quando enchemos as crianças de atividades,
para prepará-las para o ano seguinte, tiramos delas a oportunidade do brincar,
ação FUNDAMENTAL para o desenvolvimento do indivíduo na infância.
Na verdade, para crianças pequenas, o Para Casa serve mesmo
é para desenvolver duas coisas: autonomia e responsabilidade.
Chegar em casa, tirar o caderno, fazer as atividades e
depois recolocar os materiais na mochila, faz com que a criança compreenda que
a vida acadêmica requer um certo ritmo. Quando ela estiver mais velha, não terá
dificuldade para cumprir prazos ou entregar seus trabalhos em dia.
Ao realizar as atividades propostas, ela vai ganhando auto
confiança, e marcando um ritmo de estudo. Se damos atividades que as crianças
não conseguem desenvolver sozinhas, necessitando sempre da ajuda de um adulto,
estamos perdendo esta possibilidade, de exercitar a construção da autonomia.
Muitas vezes pedimos coisas que fazem com que os pais fiquem furiosos, porque a
família hoje anda muito sem tempo para certas coisas muito trabalhosas. Compartilho com vocês uma experiência pessoal:
Minha filha tinha 5
anos e meu filho 7 e eles estudavam no período da manhã. Eu trabalhava o dia
todo e os deixava na escola antes de ir para o trabalho. Sair de casa com 2
filhos cedo sem atraso é uma verdadeira ginástica! Quem tem filhos pequenos
sabe o que estou dizendo. Estávamos na garagem, entrando no carro quando minha
filha vira pra mim e diz:
- mamãe, hoje eu tenho
que levar uma foto de quando eu era bebê!
As fotos na minha casa ficam em caixas, no maleiro do guarda
roupa, bem alto. Nenhuma possibilidade de subir e buscar naquela hora. Eu
fiquei tão furiosa com aquela situação, que coloquei toda a culpa na
professora. Mandei minha filha dizer a ela que eu não ia mandar a tal foto
porque tinha mais o que fazer!
Depois fiquei refletindo sozinha sobre o fato de que aquelas palavras
em nada ajudariam a visão que minha
filha cultivaria acerca da escola e dos trabalhos que se mandam para fazer em
casa. A mensagem que passei foi de que aquilo não era importante e de que a professora
estava pedindo coisas que não tinham relevância.
Na verdade, da parte da escola faltou pedir com antecedência
ou mesmo pedir algo que a própria criança pudesse providenciar sozinha. Da
minha parte faltou organização, pois eu deveria ter perguntado a noite sobre os
deveres e obrigações para o dia seguinte.
O fato é que, se não for para desenvolver autonomia e
responsabilidade e se não for para agregar a família, o para casa serve pra
que então?
Para “treinar” as crianças porque no ano que vem as coisas
vão ser bem mais apertadas?
No ano que vem elas estarão mais maduras e aptas a realizar muito mais atividades. Não vamos apressar o rio. Afinal, ele corre sozinho...
Priscila Boy é Consultora Educacional e palestrante. Trabalha com palestras e oficinas para pais e professores. Para convidá-la, faça contato pelo e-mail: priscilaboy@terra.com.br
Priscila Boy é Consultora Educacional e palestrante. Trabalha com palestras e oficinas para pais e professores. Para convidá-la, faça contato pelo e-mail: priscilaboy@terra.com.br
Meu filho tem 4 anos e entrou este ano na escola. Trás lição de casa 3x na semana. Eu acho importante o dever de casa, mas creio que nessa fase de pré escola, o para casa não deve ser páginas e páginas da apostila. Eu acho importante, pois ajuda na rotina, responsabilidade e a memorizar o que foi aprendido em sala! Outro dia, deu a hora dele fazer o dever e ele estava jogando vídeo game. Falei:tá na hora de fazer a lição. Ele:ah mas eu tô jogando e agora? Aí eu perguntei o que é mais importante a lição de casa ou o vídeo game? E fui pra cozinha...de repente chega ele com a pasta todo sorridente rs
ResponderExcluirQue fihote fofo heim? Tudo de bom pra vcs!
ExcluirEstou aqui lendo e pensando na última pergunta de minha filha de 4 anos no momento da tarefa
ResponderExcluir_ Mãe porque vc faz tanta festa quando tem tarefa?
Sorri muito com a pergunta é sei que a festa era sempre para ela não desanimar, visto que estava apenas começando o ciclo da responsabilidade escola.Lendo o texto agora, estou pensando ? Se a tarefa fosse realmente significativa, ela estaria feliz e não fazendo "obrigada" a ponto de eu como mãe ter que realmente fazer festa!Creio ser necessário tarefas, visto que é uma forma de sistematizar o que realmente foi ensinado em sala!