A intolerância é a mãe da violência
Por Priscila Pereira Boy- Pedagoga- Mestre me Educação
Não há como não falar do ataque em Paris que aconteceu esta
semana. Aos que não acompanharam na mídia, vai uma sucinta contextualização.
Supostos “terroristas” atacaram a sede do jornal parisiense Charles Hebdo. Ao
todo forma 12 mortos e 11 feridos.
Dentre os falecidos está o famoso cartunista
Geoge Wolinskyi. O motivo do ataque foi uma charge criada por ele sobre Maomé.
O mundo está completamente chocado com tamanha violência.
Todo mundo achando um absurdo o que aconteceu. O fato é que o cerne da questão
está centrado na intolerância.
As pessoas estão assim: basta alguém discordar delas, seja por posicionamento religioso, político, ideológico, teológico, acadêmico e por aí vai, que elas partem logo para agressão. Agridem fisicamente, verbalmente, por e-mail, pelas redes sociais. Muitos dos que estão condenando as atitudes dos responsáveis pelo atentado, são tão intolerantes quanto eles.
Frente às
diferenças humanas, desferem golpes de crítica, de deboche, ironia. Ataques
pessoais dos mais estarrecedores.
Outro dia mataram um homossexual. Ele foi perseguido na rua,
correu quilômetros, foi acuado por dois rapazes e espancado até a morte. Mas
claro, ela era gay, então mereceu morrer.
Um pastor foi ridicularizado e xingado de todos os nomes
porque se posicionou contra a união homoafetiva. Eles o chamaram até de
monstro. Porque ele externou sua forma de pensar à luz da fé que professa. Mas
quem mandou dizer no que crê? Mereceu a represália.
Um bispo católico foi alvo de ataques inflamados por parte
de um grupo de feministas ao dizer que a igreja nunca vai apoiar a legalização
do aborto. Ele alega que a vida é dom de Deus e que só Ele pode tirá-la. Mas
porque ele foi querer opinar acerca dos direitos da mulher sobre o próprio
corpo? Isso é da conta de cada uma, não da igreja. Mereceu também as ofensas
que sofreu.
E nem precioso falar muito sobre as baixarias que
vivenciamos no período eleitoral. As ofensas, as brigas, as discussões. Algo
que me assustou sobremaneira, pois a democracia é uma conquista de muita luta
para se perder assim em debates de baixo nível como os que presenciamos em
horários eleitorais e nas redes sociais.
Percebam que toda ofensa, violência, nasce de algo que foi
gerado anteriormente: a intolerância.
Não sabemos conviver com a diversidade de ideias, de
opiniões, de crenças, valores, princípios. Condenamos os atos terroristas, mas
fazemos as mesmas represarias aos outros, atacamos sua maneira de pensar, de
agir, de ver o mundo e a vida, sua cosmovisão.
Atos assim me remetem aos tempos das cruzadas, da santa
inquisição, da ditadura e de tantas outras épocas, onde era proibido ser e
pensar diferente. Parece que a gente demora tanto para aprender!
Queremos convencer os outros a pensar e agir como nós.
Queremos uma sociedade única e indivisível, mas o mundo contemporâneo está
cheio de “tribos”. É preciso aprender a gerenciar a pluralidade. Se não
soubermos lidar com a diversidade, os choques e horrores serão inevitáveis.
No século XXI é permitido discordar. É permitido não se
amoldar. É permitido pensar. É permitido se expressar. É permitido escolher.
Que suas atitudes não sejam as geradoras da violência
contemporânea. Que você seja um instrumento de paz e harmonia entre as pessoas
que te cercam.
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