Entenda a BNCC para elaborar seu currículo
Por Priscila Pereira Boy
Pedagoga- Diretora da Priscila Boy Consultoria
A
Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento de caráter normativo que
define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos
os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação
Básica. A elaboração da BNCC está ancorada em uma série de marcos legais.
A
Constituição Federal de 1988, em seu Artigo 210, já orientava para a definição
de uma base nacional comum curricular, ao estabelecer que “serão fixados
conteúdos mínimos para o Ensino Fundamental, de maneira a assegurar a formação
básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e
regionais”. Com base nos marcos constitucionais, a Lei de Diretrizes e Bases
(LDB) de 1996 apontava para a criação de uma base nacional comum, não só para o
Ensino Fundamental, mas para toda Educação Básica. Com a LDB de 2013, a
Educação Infantil também passa a contar, obrigatoriamente, com uma base
nacional comum.
Mesmo tendo uma base comum, a legislação brasileira garante que parte do currículo seja diversificado, dando destaque às características regionais e locais da
cultura, da economia e da educação. A parte diversificada representará o DNA das instituições de ensino, visto que permite a elas expressarem no
currículo seus valores e princípios.
Apesar
de ter sido concebida em um governo e consolidada em outro, a BNCC deve ser
compreendida como uma política de Estado e não como uma política de governo.
A
BNCC está estrutura de modo a esclarecer as competências que os alunos devem
desenvolver ao longo de toda Educação Básica e em cada etapa da escolaridade.
Ao longo da Educação Básica, do Ensino Infantil ao Médio, os alunos devem
desenvolver dez competências gerais que têm como objetivo assegurar, como
resultado do processo de aprendizagem, uma formação que visa à construção de
uma sociedade democrática e inclusiva.
A
primeira etapa da Educação Básica – Ensino Infantil - é dividida em dois eixos
estruturantes, interações e brincadeiras, que são experiências por meio
das quais as crianças podem construir e apropriar-se de conhecimentos por meio
de ações e interações entre elas e com os adultos. As condições para que as
crianças aprendam nessas situações é assegurada pelos seis direitos de
aprendizagem e desenvolvimento, sendo eles
·
Conviver
·
Brincar
·
Participar
·
Explorar
·
Expressar
·
Conhecer-se.
A
organização curricular da Educação Infantil na BNCC está estruturada em cinco campos
de experiências, nos quais as crianças podem aprender e se
desenvolver.
·
O eu, o outros e o nós
·
Corpo, gestos e movimentos
·
Traços, sons, cores e formas
·
Oralidade e escrita
·
Espaços, tempos, quantidades, relações e
transformações
Em
cada campo de experiências, são definidos objetivos de aprendizagem e
desenvolvimento organizados em três grupos de faixas etárias, que correspondem,
aproximadamente, às possibilidades de aprendizagem e às características do
desenvolvimento das crianças.
Na
BNCC, o Ensino Fundamental está organizado em cinco áreas do conhecimento.
Essas áreas se intersectam na formação dos alunos, embora se preservem as
especificidades e os saberes próprios construídos. Cada área de conhecimento
estabelece competências específicas de área, cujo desenvolvimento deve
ser promovido ao longo dos nove anos. Essas competências explicitam como as dez
competências gerais se expressam. Nas áreas que abrigam mais de um componente
curricular, também são definidas competências específicas do componente
a ser desenvolvida pelos alunos ao longo dessa etapa de escolarização.
As
competências específicas possibilitam a articulação horizontal entre as
áreas, perpassando todos os componentes curriculares, e também a articulação
vertical, ou seja, a progressão entre o Ensino Fundamental – Anos
Iniciais e o Ensino Fundamental – Anos Finais. Para garantir o
desenvolvimento das competências específicas, cada componente curricular
apresenta um conjunto de habilidades. Essas habilidades estão
relacionadas a diferentes objetos de conhecimento – aqui entendidos como
conteúdos, conceitos e processos – que, por sua vez, são organizados em unidades
temáticas. Essas definem um arranjo dos objetos de conhecimento ao
longo do Ensino Fundamental adequado às especificidades dos diferentes componentes
curriculares.
A
BNCC tem como objetivo durante o Ensino Fundamental – Anos Inicias
valorizar as situações lúdicas de aprendizagem, apontando para a necessária articulação
com as experiências vivenciadas na Educação Infantil. Tal articulação
precisa prever tanto a progressiva sistematização dessas experiências
quanto o desenvolvimento, pelos alunos, de novas formas de relação com o
mundo, novas possibilidades de ler e formular hipóteses sobre os fenômenos, de
testá-las, de refutá-las, de elaborar conclusões, em uma atitude ativa na
construção de conhecimentos.
Durante
o Ensino Fundamental – Anos Finais, os estudantes se deparam com desafios
de maior complexidade, sobretudo devido à necessidade de se apropriarem das
diferentes lógicas de organização dos conhecimentos relacionados às áreas.
Tendo em vista essa maior especialização, é importante, nos vários componentes
curriculares, retomar e ressignificar as aprendizagens do Ensino Fundamental
– Anos Iniciais no contexto das diferentes áreas, visando ao aprofundamento
e à ampliação de repertório dos estudantes.
A
reforma do Ensino Médio, que será norteada pela BNCC, será uma mudança na
estrutura do sistema atual, propondo a flexibilização da grade curricular, o
novo modelo permitirá que o estudante escolha a área de conhecimento para
aprofundar seus estudos. A nova estrutura terá uma parte que será comum e
obrigatória a todas as escolas (BNCC) e outra parte flexível.
Por
quê?
·
Apenas o Brasil possui 13 disciplinas fixas em
25h de aula semanal.
·
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
(IDEB) permanece estagnado desde 2011.
·
1,7 milhão dos jovens de 15 a 17 anos estão
fora da sala de aula
·
Apenas 18% dos jovens de 18-24 anos ingressam
no Ensino Superior.
Mudanças
Carga
horária: A carga
horário do ensino médio subirá de 800 para 1,4 mil horas. As escolas
farão a ampliação de forma gradual, mas nos primeiros cinco anos já devem
oferecer 1.000 horas de aula anuais.
A
BNCC, que é obrigatória a todas as escolas, deverá ocupar no máximo 1800h da carga horária total do Ensino Médio, sendo o tempo restante preenchido por
disciplinas de interesse do aluno, que poderá eleger prioridades de acordo com
a área de formação desejada em uma das cinco áreas de interesse: Linguagens,
Matemática, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e formação técnica e
profissional.
Ensino
técnico: Atualmente, o
estudante que almeja uma formação técnica de nível médio precisa cursar 2,4 mil
horas do Ensino Médio regular e mais 1,2 mil horas do técnico. Com a mudança, o
jovem poderá optar por uma formação técnica profissional dentro da carga
horária do Ensino Médio regular e, ao final dos três anos, ser certificado
tanto no Ensino Médio como no curso técnico. Cada estado e o Distrito Federal
organizarão seus currículos.
Disciplinas
obrigatórias: Além dos
componentes curriculares previstos na BNCC, o novo Ensino Médio prevê a
obrigatoriedade das disciplinas de Língua Portuguesa e de Matemática ao longo
dos três anos. Além disso, a Língua Inglesa, que não era obrigatória segundo a
Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), passará a ser a partir do sexto
ano do ensino fundamental. Porém, no Ensino Médio, as redes poderão oferecer
outras línguas estrangeiras, com prioridade para o Espanhol.
Currículo: O currículo será norteado pela BNCC,
obrigatória e comum a todas as escolas. A BNCC definirá as competências e
conhecimentos essenciais que deverão ser oferecidos a todos os estudantes na
parte comum (1,8 mil horas), abrangendo as 4 áreas do conhecimento e todos os
componentes curriculares do Ensino Médio definidos na LDB e nas diretrizes
curriculares nacionais de Educação Básica.
Escola
em tempo integral: A
reforma do Ensino Médio prevê uma Política de Fomento de Escolas em Tempo
Integral, que deverá ocorrer de forma gradual. Está previsto um investimento do
Governo Federal de R$1,5 bilhão até 2018, correspondendo a R$2.000 por
aluno/ano e criando 500 mil novas matrículas em tempo integral. O PNE
estabelece que, até 2024, o país deva atender, pelo menos, 25% das matrículas.
Atualmente, são 386 mil alunos matriculados no Ensino Médio em Tempo Integral,
o que representa 5% do total.
Notório
saber: A medida permite
que os sistemas de ensino autorizem profissionais com notório saber para
ministrar aulas exclusivamente em disciplinas dos cursos técnicos e
profissionalizantes. A formação de professores se dará da mesma forma como a
legislação atual prevê. O professor com licenciatura poderá fazer
complementação pedagógica para dar aula de outra disciplina dentro da sua área
de conhecimento.
Entre
as principais avaliações e exames externos do Ensino Básico, destacam-se o PISA
(sigla em inglês para Programa Internacional de Avaliação de Estudantes); o
SAEB (Sistema de Avaliação de Educação Básica). O
SAEB está vinculado ao Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), que
por sua vez contribui, juntamente com o PIB e a saúde, para a avaliação do
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do país; e o Exame Nacional do Ensino
Médio (Enem), único exame para o acesso às instituições federais de ensino
superior no país e, até então, a avaliação de maior destaque entre as escolas
brasileiras.
A
Reforma do Ensino Médio e as mudanças no Enem, como a não divulgação das notas
do exame por escola, a partir do Enem 2017, podem conferir um novo status ao SAEB, que seria utilizada como parâmetro de avaliação das escolas públicas e privadas
brasileiras. Atualmente, o SAEB é realizada de maneira amostral, com todas as
escolas públicas e com escolas privadas sorteadas.
Apesar
do cenário de dúvidas acerca das mudanças no Ensino Médio, os envolvidos na
elaboração da BNCC , a lei determina que o ENEM deverá estar ancorado na BNCC, de forma que os conteúdos cobrados serão aqueles contemplados pela Base.
A
BNCC é fruto de amplo processo de debate e negociação com diferentes atores do
campo educacional e com a sociedade brasileira. Nesse cenário, o convite é para que
todos os envolvidos no processo educacional entendam as reformas como uma oportunidade de trabalho e de repensar o currículo, se engajem na busca e compartilhamento de
informações acerca do processo de mudança no ensino brasileiro, a fim de nos
prepararmos para ele.
Se precisar de ajuda profissional na formação dos seus professores, faça contato: priscilaboy@terra.com.br
Muito bom, Priscila!
ResponderExcluirExcelente material, Priscila! Parabéns minha querida!
ResponderExcluirObrigada minha linda!
ExcluirPriscila boa tarde!
ResponderExcluirO material está com um resumo bem didático, contempla desde a fundamentação legal até as futuras possibilidades. O nosso desafio será a preparação dos nossos professores, dentro do curto espaço de tempo que temos para o implementação do novo currículo.
Parabéns.
Abraço!
Prof.João Bosco Argolo Delfino
Aracaju/Se