Artigo Folha de São Paulo
Ao ler este texto, da “ Folha de São Paulo”
de terça-feira, dia 29,iIdentifiquei o docente homenageado pelo autor como aquele professor que desejamos ser e que tem sido quase uma utopia de nossa profissão. Pensei, ainda,
que essa figura, hoje tão pouco valorizada, talvez merecesse de cada um(a) de
nós um momento de reflexão quanto ao nosso papel neste horizonte de inovação
para o qual, inseguros, olhamos.
Artigo transcrito da Folha de São Paulo de
terça-feira, 29 de maio de 2012
Lições do melhor professor que conheci
Roberto Leal Lobo e
Silva Filho
Aos 75 anos, morreu na semana passada, vítima
de uma parada cardíaca, Almir Massambani, docente de física desde 1962 na USP
de São Carlos. Seu nome é pouco conhecido, a não ser por seus ex-alunos.
Almir foi um professor de verdade. Não era um
cientista, fez um doutoramento porque a USP exigiu, mas o que ele gostava mesmo
de fazer era de ensinar, conviver e amar seus estudantes. E era amado por eles.
Fazia questão que seus alunos aprendessem o que estava ensinando.
Era um professor por excelência, pois o que o
motivava e preocupava era o sucesso do aluno, não seu próprio – figura rara nas
universidades de hoje, pois o bom docente que não pesquisa tem pouquíssimos
mecanismos de valorização e promoção.
Formar
bem profissionais e novas lideranças pode exigir produção, aplicação e
divulgação de novos conhecimentos, mas para ensinar bem é preciso vocação e
preparo específico. Caso contrário, essas instituições não deveriam ser
universidades, mas centros de pesquisa.
O que mais vejo nos meus estudos sobre evasão
no ensino superior: a pouca atenção que se dá ao aluno ingressante é uma das
maiores causas do abandono de cursos, como já provou Vincent Tinto, o maior
especialista do mundo no assunto.
O que vemos mais é a nostalgia – por vezes
revoltada – que os docentes demonstram com a qualidade dos alunos que recebem
quando comparada à de épocas passadas. Isso é um fato na maioria dos lugares,
mas temos que lidar com os alunos como eles são, buscando formas de fazer com
que acompanhem o curso.
Como eu sou natural do Rio (e Almir também
era), sempre comentávamos que “jacaré” se pega no início da onda. No ensino,
não é diferente. Se o aluno não pega a “onda” nos primeiros meses de aula, a
onda passa e ele fica – ou seja, não acompanha a disciplina, é reprovado e,
muitas vezes, desiste do curso. Uma perda para ele, para a instituição e para a
sociedade como um todo, pois o país fica mais pobre!
Almir aplicou esse princípio ao enfrentar uma
turma problemática no primeiro ano do nosso Instituto de Física de São Carlos.
Sentou-se com a turma e quis entender qual seria o ponto correto de partida –
não aquele que está nos livros, mas aquele que a turma poderia acompanhar.
Explicou o que precisariam saber para poder
iniciar a disciplina, orientou a cada um para cobrir as lacunas por um mês e, a
partir daí, iniciou o curso propriamente dito. Sucesso absoluto, reprovação
baixíssima.
Hoje, o querido Almir seria o que se chama
“coach”, figura tão valorizada nos processos de formação intelectual, artística
ou esportiva.
Quando elogiado, perguntava: “Não é obrigação
do professor fazer o aluno aprender?” Esse era o Almir. Um grande professor, o
melhor que conheci. E um grande amigo.
Roberto Leal Lobo e Silva Filho, 73, professor
titular aposentado do Instituto de Física de São Carlos da USP, é presidente do
Instituto Lobo. Foi reitor da USP
Bacana, Pri!
ResponderExcluirSão raros mas existem.
Exemplos para varias gerações!
Marília Guadalupe.
É este tipo de educador que busco ser...aquele que é lembrado por fazer diferença na vida de seus alunos.
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